Boletim Poético #21 | O tempo passa, a poesia fica; e outras coisas, como sempre
Compilado de conteúdo e links @ Portal Fazia Poesia, outubro de 2023.
Da casa
Boa noite!
Hoje é dia 03 de outubro de 2023.
Passou 75% do ano.
Já é possível comprar chocotone no mercado.
E aí, tudo bem?
Você sente que o tempo tem passado mais rápido? Eu sinto, e tem até uns estudos sobre isso. Tudo bem que quando eu completei 18 anos minha vó disse que a vida ia passar como um tiro, mas talvez eu não esperasse ter uma autoconsciência desse tiro ou, ainda, não esperava ver o tiro passando bem na frente dos meus óculos com 7 graus de miopia e astigmatismo.
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Fato é que o tempo sempre foi tema de escrita em meus poemas e prosas, assim como o interesse pela leitura de quem escreve sobre o tema. Um dos primeiros livros da Todavia que eu li foi “O Impostor”, do Edgar Telles Ribeiro, e o que esse autor brinca com o tempo durante a narrativa não é brincadeira; é um domínio temporal que talvez eu nunca tenha notado em outra ficção brasileira. Fica a dica de leitura. E aceitos recomendações nesse estilo. Diz aí nos comentários ou responda o email.
Não à toa o autor começa o livro com essa passagem do Murilo Mendes:
“agora você vai ver; a vida vai passar que nem um tiro”
— Dona Eulália, meu aniversário de 18 anos.
Que saudade do futuro.
Até a próxima!
Alex Zani ✍
editor-chefe do portal Fazia Poesia
notícias
Versos para ler quando o sol sussurra adeus: Isto Edições lança coleção de poetas femininas sul-americanas
Visando valorizar a escrita da Sudamérica de língua espanhola — tão rica, diversa e próxima — e contribuir com a quebra de estereótipos sobre o que seria uma "literatura feminina", a Isto Edições lança, em sua primeira coleção do catálogo, seis livros de poetas mulheres de quatro países vizinhos.
Ver tudo na lembrança deste quadro pendurado sem moldura com tão somente as primeiras pinceladas de um corpo, de uma casa, de um país que nunca pude ser. – Anahí Maya Garvizu
Em edições bilíngues, os livros da Coleção Pequenas Noites foram organizados em uma compilação que alumia a vida e as experiências de mulheres latinas e uma poesia expressada através de temas relacionados à identidade, gênero, cultura, memória, luta e resistência. São esses os eixos que servem de epílogo para uma experiência literária cintilante, especialmente quando refletem a família e os afetos próximos, presentes com grande destaque em muitos dos poemas das autoras.
Os livros, com tradução exclusiva, trazem a poesia contemporânea de poetas jovens que falam sobre seu entorno, a compreensão do cotidiano e o eterno embate contra os ponteiros do relógio na forma de versos. Cada página cuidadosamente elaborada é um convite para imergir em narrativas poéticas únicas de força, de paixão e do espírito indomável que inspira as 5 personalidades que convergem no projeto.
Compõem a Coleção: A ilusão da longa noite, de Inés Kreplak (Argentina); As estações, de Anahí Maya Garvizu (Bolívia); Este amuleto que não me protege mais, de Paula Simonetti (Uruguai); Na boca dos tristes, de Paula Simonetti (Uruguai); Plantei nêsperas no túmulo de meu pai, de Johanna Barraza Tafur (Colômbia) e Um idioma que faz ruído de fósforo, de Martina Cruz (Argentina).
As capas que dão forma à coletânea são as obras de fotocolagem realizadas pela pioneira da fotografia moderna na Argentina, Grete Stern, e o título carrega uma referência à poeta argentina Alejandra Pizarnik e seu verso "Enamorada de las palabras que crean noches pequeñas en lo increado del día y su vacío feroz.".
A Coleção Pequenas Noites é uma oportunidade para expandir referências de fora do Brasil e está disponível no site da Isto Edições com 30% de desconto.
coletâneas
6 poemas correntes de Luiza Leite Ferreira
Luiza é poeta desde que aprendeu a escrever. Natural do Maranhão e criada em Niterói, vive mesmo é na Baía de Guanabara, entre a cidade sorriso e a cidade maravilhosa. Com formações em jornalismo e tradução, atua como profissional do texto, preparando, traduzindo, revisando e escrevendo em português e em inglês. Tem contos e poemas publicados em antologias e revistas e é autora do livro de poesia É na Cacofonia que Eu me Escuto. Além da FP, integra o Coletivo Escreviventes e escreve a newsletter “Cartas para Ninguém” no Substack. Veja:
.concursos e chamadas
6 concursos e 1 chamada de poesia para outubro de 2023
A seção de concursos acontece sempre com sede de lubrificar as engrenagens da escrita e, para isso, nada melhor do que poesia, não é mesmo? Então, que tal dar as caras no campo literário e participar de algum concurso poético? A edição de outubro já está no ar.
artigos
Águas de Kalunga: uma experiência auditiva para mergulhar na poesia de Conceição Evaristo
Águas de Kalunga é o episódio de abertura do podcast de mesmo nome, criado pelo Museu de Arte do Rio. Trata-se de texto escrito por Conceição Evaristo, a partir de sua percepção da exposição “O Rio dos Navegantes”. Assim como os outros nove episódios do podcast, o primeiro é apresentado por Elisa Lucinda. A partir da costura entre a voz marcante da atriz e poeta, e dos efeitos sonoros e das imagens poéticas do texto escrito por Conceição, temos uma experiência poético-auditiva, ou quem sabe podemos chamar de um audiopoema (apesar de haver no texto algo de conto). Não me importo tanto com os enquadramentos, Águas de Kalunga é uma experiência que leva o ouvinte a embarcar em pleno mar, a sentir o balanço do navio e a afundar na agonia do/a eu lírico.
Autora do artigo,
é soteropolitana e tem 33 anos. Formou-se em Bacharelado Interdisciplinar em Artes e tem mestrado em Literatura e Cultura pela UFBA. Não vive sem café e, antes dele, não é boa companhia. Gosta de livros, de trilhas e de água de rio, de mar ou de chuva. Escreve, porque a tarefa de tentar entender o mundo parece menos insana na palavra desenhada. Faz parte da equipe de poetas do Portal Fazia Poesia e é autora da newsletter gratuita Poesia se Vende.~
Ritmo, forma e deforma: uma análise do “Dança para Cavalos”, de Ana Estaregui
No livro Dança para Cavalos, de Ana Estaregui, lançado em 2022, pelo Círculo de Poemas, somos convidados a entrar numa coreografia que, com um passo pra lá, outro pra cá, vai cerzindo o humano ao inumano e transformando o oposto em aproximação. O cavalo serve como mote e meio de transporte. Sua crina aparece já no prólogo, dentro de uma citação de Black Elk, que começa com os animais rodopiando e relinchando e que termina com uma prece: o desejo de que esses cavalos sejam vistos em sua dança.
a casa já não tem paredes, nós somos a casa palafitas ancas, penugem e luas em repetição temos os cavalos no corpo não: somos os cavalos os músculos e não só
Autora dessa resenha, Hortência Siebra é natural de Itapipoca, no Ceará. Reside entre a capital, Fortaleza, e sua cidade natal. Tem graduação em Letras-português, pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Atualmente, divide-se entre os estudos e a escrita de contos e poesias. É autora dos livros À Margem do Impossível (2021), No Sexto Dia (2022) e O Inverno à Tarde (2023).
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EXPOSIÇÃO | Poesia, fotografia e liminaridade: “eu era gases puro, ar, espaço vazio, tempo”
Nesta terceira oficina de 2023, trabalhamos as interseccionalidades entre poesia e fotografia a partir dos eixos de estranhamento, silêncio, vazio e ruptura, embasado tanto na poesia quanto na cyberestética contemporânea dos espaços liminares.
A oficina fez parte de uma das propostas de contrapartida do projeto “O Corpo de Laura”, vencedor do edital de publicação em poesia do ProAC/2022. O projeto trabalha as interseccionalidades entre poesia e fotografia a partir dos eixos de estranhamento, silêncio, vazio e ruptura, embasado tanto na poesia quanto na cyberestética contemporânea dos liminal spaces. A oficina apresentou essa dinâmica, oferecendo uma proposta expandida de possibilidades de trabalho com a linguagem.
No artigo completo você confere os poemas produzidos ao longo dos encontros a partir das propostas de exercícios apresentadas.
lembrete
Ei, você, com um original engavetado!
Sim, você mesmo: você viu que o prazo para envio de originais pro Prêmio Tato Literário foi prorrogado até o dia 14 de outubro?
Não viu? Pois bem, agora você tem mais tempo para preparar seu material e concorrer a tudo o que o prêmio oferece. Não vai ficar de fora, né?
Para saber mais sobre o prêmio e a prorrogação, clique no post da Com.tato logo abaixo:
E boa sorte!