Boletim Poético #27 | Sobre ler autoficção, poesia, poemas e eventos do mercado editorial
Compilado de conteúdo e links @ Portal Fazia Poesia, junho de 2024.
Da casa
Bom dia!
Hoje é quarta-feira, dia 19 de junho de 2024.
O clima é ameno durante os dias e frio durante as madrugadas.
Não há necessidade de ligar os ventiladores.
E aí, tudo bem?
Estou terminando de ler o livro “O que é meu”, do José Henrique Bortoluci (Editora Fósforo), vocês conhecem? Algo tem acontecido, talvez seja a grande influência nas oficinas do portal Fazia Poesia ou o fato de eu ter editado um romance autobiográfico no fim de 2023, que fez com que a minha preferência por livros da autoficção tenha aumentado drasticamente. Este ano, com exceção dos livros sugeridos pela pós (na verdade, até incluindo alguns por lá), eu só li autoficção.
Se você gosta do que tem acompanhado por aqui, considere compartilhar esta newsletter com alguém próximo ou distante a você, o link pra assinar é bem fácil, dá até pra decorar: <faziapoesia.substack.com>
Por um lado, isso é bom: tenho me sentido motivado com as leituras, são boas, e a autoficção tem um quê de realismo quando não sabemos muito bem o que é verdade e não, ou o quanto é verdade ou não é; sendo que, no fundo, saber essas respostas não importa muita coisa. A autoficção tem me feito pensar na vida, nas relações com meus próximos e familiares, e até mesmo me ajudado a organizar viagens. E, além de tudo, a autoficção tem influenciado em muito na publicação do meu primeiro livro. Será que vem aí?
Se cuidem!
Ah! No final da newsletter tem uma notícia legal sobre um evento que vai rolar este sábado, presencialmente, em Belo Horizonte. Dê uma olhada, vale a pena participar se você é do mercado editorial. Estarei por lá.
Até a próxima!
Poeticamente,
Alex Zani ✍
editor-chefe do portal Fazia Poesia
indicamos
Casa assombrada, de Isabela Ywai
Editora Patuá | 60 páginas
A Editora Patuá tem o prazer de anunciar o lançamento de “Casa Assombrada”, o livro de estreia da poeta Isabela Ywai. Em suas páginas, a autora convida os leitores a um passeio por tudo aquilo que foi perdido, deslocando-se do esquecimento à memória, do mundo dos sonhos à realidade, da paralisia à fuga, da infância aos fantasmas. Seus poemas configuram um caleidoscópio de desejos, explorando a arquitetura das ruínas e dos destroços.
“Esse livro era sobre mortes e a vontade de viver.” O trecho do poema Como conversar com uma assombração (p. 12) encapsula a essência do livro. Com uma jornada de criação longa e introspectiva, a poeta estreante propõe uma investigação profunda e sensível das diversas camadas da existência, onde lapsos, segredos, fracassos e espectros se entrelaçam para criar um mapa psíquico brutalmente humano.
Ao longo de cinco anos, o livro amadureceu ao lado da autora, mudando de forma conforme novos versos surgiam em noites de insônia. “A Casa assombrada não foi o tipo de ideia que pede licença para entrar”, explica Ywai. Ao reunir os poemas, percebeu-se uma unidade clara: “as vozes mudavam, mas o ritmo se mantinha o mesmo.”
A poeta constrói um imaginário de figuras mitológicas e catacumbas, transformando suas experiências em vulcões, chuva, armas e orações. Sua poesia opera como uma espécie de colagem composta por devaneios, fúrias e assombros. Emaranhado a uma sensibilidade atenta, o livro perscruta a própria linguagem e evidencia o poder da palavra.
~
_um poema do livro
Rota de fuga
De tempos em tempos, atear fogo em tudo.
Limpar todos os rastros, bagunçar novamente todas
as evidências, enxugar o sangue do chão,
esvaziar os armários por completo.
Entro em um carro que não é meu. Falo em
uma língua que não a minha. Escrevo meus
medos, mastigo meus remorsos.
Forjo a cena do crime, espalho armas
improváveis, denuncio inocentes.
Vamos voltar para um outro começo,
forçar entrada em uma outra casa.
~
O livro “Casa Assombrada” tem orelha assinada por Jules de Faria, fundadora da Think Olga, poeta e especialista em criatividade que afirma: “a obra promete encantar e inquietar, proporcionando uma experiência poética intensa e inesquecível.”
A AUTORA — Isabela Ywai nasceu em São Paulo capital em maio de 2000. Mora atualmente em São Bernardo do Campo. Em 2023, formou-se em Letras pela Universidade de São Paulo. A autora tem um cachorro chamado Catatau, gosta de fazer colagens e desde pequena adora escrever e inventar histórias. Em 2019, descobriu o amor pela poesia e começou a organizar sua própria coletânea, dando origem à Casa assombrada, seu livro de estreia.
Compre o livro diretamente com a autora pelo Instagram @poematografo (com dedicatória e frete grátis) clicando no botão abaixo:
Você também pode comprar pelo site da Patuá clicando aqui.
coletâneas
7 poemas despretensiosos de Gabriela Lagemann
Gabriela Lagemann tem 33 anos e é de Santa Maria — RS. Engenheira não praticante e servidora pública na Universidade Federal de Santa Maria, na rua finge que não vê conhecidos, adora brincar de ser atriz de teatro e escreve só para fugir das chatices da vida adulta.
Gabriela nos apresenta, em sua poética, o amargo e o doce sabor de nossa humana existência. Com poemas deveras honestos e, diria, até mundanos — não pelo viés de algo menor que outro algo, e sim pela descrição e delação do mundo e do absurdo de ser e estar nele —, a autora nos brinda com versos livres, narrando um pouco do que a cerca e a invade. São pensamentos, fatos, reflexões, desabafos e expectativas (bem como a quebra de todas elas). Sua escrita é cativante, é convidativa — ela apenas é e não precisa ser nada além de si. Não necessita dos arroubos de paixão, das quimeras inalcançáveis ou ainda dos versos entojados e enlatados em tecnicidade. É poesia franca, deliciosamente despretensiosa.
Caros leitores, saboreiem!
artigos
Para o regresso e para o naufrágio usam-se os lábios — pele e silêncio na escrita de Diana Luz Neves
Um resenha por Maria Emanuelle Cardoso
Escrever um poema talvez seja pensar no que aconteceria se começássemos a admitir — o livro de estreia da escritora montes-clarense Diana Luz Neves, coração pássaro espuma esfinge, publicado em 2022 selo Temporada da Editora Letramento, ensaia e celebra o movimento dos corpos em um mundo também móvel. Aqui, os olhos acompanham o mar, mas as têmporas olham os barcos.
Os versos dançam em alumbramento para testar o efeito de borda: um fragmento da vida, em contato com outro fragmento de vida, em conjunto, formando uma matriz. Esses fragmentos não se tocam com os dedos, mas com a pleura. Aqui, a incidência da luz é diferente para cada pedaço — em alguns, há silêncio e dúvida, quase ultrapassar a margem, todavia respeitar a pele do enigma: “enquanto vivermos não venceremos o abismo / mas aprenderemos a viver em suas margens / silenciosamente abrindo espaço […] aqui somos felizes, ou quase […]”
[…][continua]
Maria Emanuelle Cardoso é diaspórica, nascida na primavera dos anos 2000, em Montes Claros (MG). Tem textos publicados em antologias (Há quarenta e seis pés, Devires Poéticos, 3° Prêmio AFEIGRAF, Cartografias — Ed. Primata, A mulher que não sou eu, Ed. Monduru, Zine Marítimas) e revistas (Totem&Pagu, Cassandra, Aboio, Ruído Manifesto). Recebeu o 2° lugar no Prêmio Poesia Agora Verão 2021, da ed. Trevo. Foi aluna do Clipe Poesia 2023, da Casa das Rosas. Suas cores prediletas são vinho e vermelho. É mãe de gatos e cães. Gosta de contemplar calangos.
~
EXPOSIÇÃO | A poesia do esquecimento: escrita da vida, escrita da morte
Nessa segunda oficina do portal Fazia Poesia em 2024, continuamos os estudos dentro da temática da autoficção e poesia, assunto que vem sendo trabalhado em outras oficinas em nosso programa desde 2022, mas desta vez com a poeta Bruna Mitrano.
No artigo completo você confere os poemas produzidos ao longo dos encontros a partir das propostas de exercícios apresentadas. Boa leitura!
Confira alguns dos poemas publicados recentemente no portal Fazia Poesia:
Lembre-se: você encontra esses e muito mais em faziapoesia.com.br.
notícias
Pensar Edição, Fazer Livro 7 acontece nos dias 21 e 22 de junho em formato híbrido: ao vivo pelo YouTube e presencial em Belo Horizonte
Criado e organizado pela professora e escritora Ana Elisa Ribeiro (CEFET-MG), juntamente com o editor Nathan Matos (Moinhos), e agora somando forças à LED, Editora-Laboratório do bacharelado em Letras do CEFET-MG, o evento “Pensar Edição, Fazer Livro” chega com novidades na edição de 2024.
A programação do dia 21 de junho será somente on-line, transmitida pelo canal do evento no YouTube. No dia 22, o evento acontecerá de maneira presencial, no Teatro José Aparecido de Oliveira, na Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
O Pensar Edição, Fazer Livros surgiu em 2017 e tem o intuito de manter um espaço para discussões e compartilhamentos que atravessam o mercado editorial e o universo do livro e da leitura.
As inscrições são gratuitas e haverá emissão de certificados para cada atividade, desde que o participante preencha um formulário que será liberado durante cada programação.
Acesse o perfil do evento no Instagram e confira os links da bio.
Ei, você sabia que é possível anunciar seu livro, evento ou curso nos canais do portal Fazia Poesia? Pois é! E ainda temos descontos exclusivos para poetas e projetos independentes.
Envie um email para contato@faziapoesia.com.br e solicite o nosso mídia kit.
Por hoje é isso, obrigado pela leitura!